Eletricidade animal!


Você já pensou na possibilidade de algum animal sem dentes, garras, carapaça ou qualquer defesa comum sobreviver em um local onde vivem super predadores? Se você pensou que NÃO, está enganado.
Existe um animal que consegue ser o mais ameaçador de todos com um único diferencial: Produzir energia!

O Poraquê (Electrophorus electricus) e outros peixes elétricos, possuem no corpo eletroplacas que liberam de uma grande quantidade de elétrons que fluem como uma corrente elétrica para fora do animal. Em certas espécies animais esses órgãos elétricos são formados por 200 eletroplacas, em outras por 160.000 e representam entre 1/6 e 1/4 do seu peso total. As descargas emitidas são de alta tensão, podendo ser fracas ou fortes, dependendo do alvo do peixe. O Poraquê, por exemplo, descarrega aproximadamente 550 volts. O corpo do peixe elétrico é revestido por uma fina camada de pele utilizada como isolante de suas próprias descargas elétricas.
Os choques também podem atingir o entorno do peixe, pelo fato da água possuir sais que conduzem a corrente elétrica.

Formação da corrente:

Quando as eletroplacas estão em repousco as concentrações de K+ são altas e as de Na+, baixas, graças a ação de bomba de K+/Na+ na membrana celular,assim permeabilidade da membrana é maior para K+ do que para Na+, então instala-se um potencial de repouso intracelular.


Durante a descarga, os eletrócitos alteram a permeabilidade da membrana, que aumenta para a difusão do Na+. Nesses eletrócitos ocorre uma corrente local rápida e grande, que inverte o potencial da membrana e excita as membranas dos outros eletrócitos adjacentes, tornando-os também despolarizados. A descarga vai se propagando de eletrócito à eletrócito, através de todas as eletroplacas que compõe o órgão elétrico. Como os eletrócitos estão dispostos em série, os potenciais elétricos somam-se, produzindo um potencial de alta voltagem.
Então forma-se campo elétrico em torno do peixe.
Além da defesa e predação, essa corrente elétrica auxilia o animal a detectar a presença de objetos e organismos na água, atravéz da distorção que estes causam á sua corrente.
Podem causar desacargas mesmo após 8 horas de sua morte.

Veja um vídeo do Poraquê (Electrophorus electricus)!

Bem vindo ao Biofisicando!!

Este blog é formado por quatro alunos do terceiro período do curso de Ciências Biológicas da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais: Ana Carolina M. de S. Lima, Guilherme Pinheiro, Isabelle Cerceau Brandão e Luciana Gonçalves Lamas.

Trataremos aqui de variados assuntos abordados na disciplina de Biofísica oferecidos na graduação de estudantes da área biológica e da saúde, enfatizando o primeiro. Por mais incrível que possa parecer, a física está em tudo, basta olhar com melhores olhos. Segundo Corso, 2009 temas como efeito estufa, dinâmica da camada de ozônio, rendimento energético entre níveis tróficos na cadeia alimentar (leis alométricas), poluição sonora, biologia molecular, dinâmica de populações, entre outros, como aspectos elétricos, magnéticos, gravitacionais e ainda nucleares, fazem parte do arsenal da biofísica em nosso curso.

Existe uma resistência muito grande quando se trata de física, ou seja, números e fórmulas no geral. Pretendemos derrubar esta barreira há muito imposta na cabeça daqueles que querem cursar ou que cursam biologia e mostrar que a física é uma ciência universal que tem muito a nos acrescentar em vários aspectos da vida.

Sintam-se a vontade para postar comentários e dúvidas!



Referências:

CORSO, Gilberto. Os conteúdos das disciplinas de biofísica e a física. Revista Brasileira do Ensino de Física, v. 31, n. 2, p. 2703, 2009. Disponibilidade e acesso: <http://www.scielo.br/pdf/rbef/v31n2/18.pdf>. Data de acesso: 10 de fevereiro de 2010.